Paixão x Amor

Foto por Jasmine Carter em Pexels.com

A paixão é insana, o apaixonado tende a inventar uma pessoa que o completaria. Na paixão não existe meio termo, é 8 ou 80, a paixão é o lugar dos exageros, dos extremos.

A paixão se trata de uma fantasia de completude. Como a paixão é insana, o apaixonada não quer saber da realidade.

Na paixão nós confeccionamos uma fantasia para o outro e esperamos que ela sirva perfeitamente nele.

Na paixão existe o não querer saber, não queremos saber da falha do outro, da impossibilidade desse outro nos completar. Na paixão há uma tendência a querer virar uma pessoa só, mas esquecemos que quando duas pessoas se tornam uma só é porque uma delas deixou de existir.

Na paixão tendemos a querer viver somente aquilo intensamente e descartar todo o resto, na tentativa de se fundir com nosso par. Por isso os apaixonados acabam se afastando um pouco dos amigos, das atividades, da família. Os apaixonados se bastam e excluem todo o resto.

Mas a paixão não dura muito tempo, porque sua intensidade exige muita energia e uma hora isso acaba por nos cansar.

Continue lendo “Paixão x Amor”

Não tenha medo de se conhecer

Se arrumar a casa já dá preguiça, imagina colocar em ordem as coisas da mente?

Muitas vezes a arrumação nos faz perceber que tínhamos coisas que só ao pararmos para olhar é possível realmente se dar conta.

Você já reparou em como a bagunça começa? É uma coisinha largada aqui, outra esquecida ali…

Assim é nossa casa interior também. Se deixarmos as coisas acumularem fica mais difícil de dar conta depois.

Sem falar nas desculpas que arrumamos, né?

“Amanhã eu faço, hoje estou sem tempo.”

Mas mesmo sem tempo gastando boas horas rolando a tela do celular não é mesmo?

Dizemos para nós mesmos que podemos conviver com isso, passar por cima, fingir que não existe, mas uma hora ou outra a bagunça nos faz lembrar que ainda está lá. E parar pra cuidar dela exige esforço e sabedoria.

Você tem medo de se conhecer?

Continue lendo “Não tenha medo de se conhecer”

“Dar um tempo”

Damos um tempo porque somos apaixonados pelas ilusões.

Freud dizia que as ilusões são formadas por desejos.

Damos um tempo quando desejamos continuar algo que claramente já acabou.

Damos um tempo quando desejamos não nos responsabilizar por nossos desejos.

Damos um tempo pois nos recusamos admitir que o nosso tempo com alguém acabou.

Somos apaixonados pelas ilusões.

Preferimos acreditar que o tempo vai ajudar, mas bem lá no fundo nós sabemos que o tempo sozinho não faz nada, além de passar.

Não é o relógio que vai ajudar.

Damos um tempo porque nos recusamos a acreditar que algo que foi tão bom pode acabar.

Damos um tempo porque resistimos ao fim.

Somos apaixonados pelas ilusões.

Nos apegamos as boas lembranças e dizemos a nós mesmos que tudo vai voltar a ser como era antes.

Continue lendo ““Dar um tempo””

Manifestações do inconsciente – Parte 2: Chiste

pexels-photo-1267696.jpeg

Originada do alemão Witz, que significa “gracejo”. A palavra chiste é encontrada na obra de Freud, que o define como uma espécie de válvula de escape do inconsciente, um meio de dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente pensa. O chiste é então uma forma de dizer o que se quer, porém sem ser direto, com isso evitando alguma forma de julgamento, afinal, o que foi dito não era sério, era só uma brincadeira, por isso acaba sendo aceito socialmente e ao mesmo tempo a pessoa sente um alívio interior por poder externalizar seu pensamento. O riso é uma forma de liberar tensão.
O chiste não é uma diversão elaborada, ele é espontâneo, no entanto fazer um chiste requer certa esperteza linguística. Quando ouvimos um comentário do qual achamos graça é porque damos a ele um sentido diferente daquele que realmente tem.
Para se produzir o chiste é necessário que se forme um laço social com o outro. O chiste é para o outro, e para produzir seu efeito de riso é preciso que o outro entenda o que foi dito. O chiste gera prazer, depois da experiência prazerosa tentamos replicar o prazer, por isso passamos para frente, contando para o outro.
De acordo com Freud, os chistes se dividem Continue lendo “Manifestações do inconsciente – Parte 2: Chiste”

Sonhos: revelação do inconsciente

pexels-photo-4473864.jpeg

De todas as características dos sonhos a mais interessante é o seu sentido. Os sonhos são o reflexo do nosso mundo mental e nenhum sonho é por acaso. Ao sonhar nosso verdadeiro ser se manifesta e podemos entrar em contato com o que somos e com o que desejamos.
A obra A Interpretação de Sonhos, publicada em 1899, é conhecida como o mais importante estudo psicanalítico de Freud. Na impressão consta a data de 1900, pois ele queria que sua descoberta fosse associada ao início de um novo século. Nessa obra Freud escreveu: “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Um sonho não analisado era para Freud como uma carta fechada. Suas teorias causaram uma revolução no estudo da mente.
O sonho da maneira como o lembramos é, na verdade, um substituto disfarçado dos conteúdos inconscientes. O que sonhamos nunca é o que parece ser, mas sim algo distorcido, que para ser compreendido precisa ser decifrado.
O sonho possui dois componentes: O conteúdo manifesto e o conteúdo latente. O primeiro é Continue lendo “Sonhos: revelação do inconsciente”

Nossas solidões

pexels-photo-1280162.jpeg

Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma; és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre

Fernando Pessoa (Fragmentos de uma autobiografia, 2011, p.245).

A palavra solidão nomeia um estado que não é sentido da mesma forma por todas as pessoas. Para alguns a solidão é o decreto dos travesseiros pesados, das tristezas profundas, do vazio sem palavras. Buscam fugir dela, pois é sentida como intolerável e desesperadora.  Já para outros a solidão é um estado desejado, planejam os momentos em que enfim conseguirão ficar a só, para usufruir plenamente de pequenos prazeres como ouvir música, ler um bom livro, fruir da beleza, ter compreensões íntimas.

Freud ao longo de todo o seu desenvolvimento teórico irá afirmar a intensa dependência que um ser humano possui de outro, para sobreviver e se desenvolver. Ele formula a compreensão de que o desamparo seria uma condição fundadora do ser humano, pois só é possível se humanizar na relação com outro. Somos vulneráveis ao desejo, à vontade e ao olhar de outro. O que ocorre é que muitas vezes essa dependência se torna tão grande que anulamos nosso próprio desejo, nossas vontades e nosso olhar em prol de outras pessoas. Ficamos alienados de nós mesmos, não sabendo nomear sozinhos o que nos faz sofrer. Assim, em momentos de solidão somos tomados pela angústia, quando aquilo que está oculto em nós (que negamos em prol do outro) pode irromper (Freud, 1926/1993).

Ficar sozinho não é fácil, pois, impõe a companhia de si mesmo. Essa angústia ou a tristeza da solidão não advém somente do estado de estar só, mas das Continue lendo “Nossas solidões”

Um site WordPress.com.

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: